terça-feira, 16 de agosto de 2011

A importância do recôncavo baiano como interação na construção da identidade da língua portuguesa


A primeira área a ser explorada no Brasil foi a região do recôncavo baiano. Como conseqüência, foi também o primeiro lugar a ser povoado. A partir de 1501, através da baía de todos os santos, os portugueses chegaram para tomar conhecimento da região e posteriormente, na zona costeira, instalaram as primeiras vilas por volta de 1532. Nessa região, até o século XVI, havia uma predominância de comunidades de origens indígenas, a exemplo das vilas de Caiuru, Camamu e Boipeba. Entretanto, um fator foi determinante para o “sucesso” dessa área: o plantio da cana-de-açúcar. As plantações abrangiam as localidades de São Francisco do Conde, Santo Amaro, Cachoeira e Salvador. Atividades como a criação de gado e a plantação de fumo serviam de moeda de troca na compra de escravos. Sob esse aspecto, configura-se o grande número de negros africanos nessa região (maior contingente no Brasil). Tal miscigenação, fruto do “encontro” entre negros, índios e europeus originaram esse arquipélago de dialetos da língua portuguesa falada no Brasil.
De origem latina e oficial em 7 países no mundo, a língua portuguesa passou por muitas adaptações até chegar ao que é conhecido e praticado hoje no Brasil. Entretanto, o primeiro contato e a “grande mistura” ocorreu no recôncavo baiano. Foi nas bordas da bela baía de todos os santos que europeus e índios trocaram, continuamente, as primeiras formas de comunicação em línguas diferentes. Depois estabeleceram a língua geral derivada do tupinambá para uma comunicação comum para respectivos entendimentos.
Tais fatos só reforçam a crença de que esses contatos tenham sido importantes para a formação da realidade linguística brasileira. Dessa forma, esse aspecto se configura como fundamental para entendimento do processo que originou a língua atualmente falada. Isso torna o recôncavo uma área ainda mais admirável. Berço cultural, político e civil do Brasil, essa região que sofreu profunda resistência aos avanços tecnológicos (que começou a ocorrer apenas a partir da segunda metade do século XX) resíduos de sua exploração por mais de três séculos, torna-se ainda mais um motivo de orgulho para os habitantes dessa região.

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