Imaginemos como seria uma
sociedade composta por quatro profissões: médicos, arquitetos, advogados e
engenheiros. Imaginemos Universidades compostas apenas pelos respectivos
cursos. Façamos agora uma breve reflexão:
se esses cursos são intitulados de nobres e detentores de respeito e admiração,
seriam eles suficientes no âmbito social?
De fato haveria engenheiros e
arquitetos para planejarem hospitais; mas não haveria quem os construíssem,
pois faltariam pedreiros e construtores civis para executarem a obra. Haveria médicos
também; mas esses não seriam ensinados e capacitados, pois não haveria
professores, o que impossibilitaria também a formação de advogados e assim todo
um ciclo se constrói. E isso acontece devido a um fator: a interdisciplinaridade,
fundamental hoje no contexto do mundo globalizado.
É nesse contexto que está
inserido o CECULT – campus UFRB de Santo Amaro. Uma universidade preocupada com
a inclusão social, a excelência acadêmica e as ações afirmativas não fundamenta “qualquer projeto ou qualquer
curso” para uma cidade, principalmente dada a importância da nossa Leal e
Benemérita Santo Amaro. Desmerecer os cursos propostos é colocar em
questionamento a excelência acadêmica e institucional da UFRB.
A proposta multi campi da UFRB
configura no recôncavo um cenário onde cada cidade é contemplada por um centro
de uma determinada área, em características macro. E nesse sentido, Santo Amaro
será contemplada com a área da cultura. Trata-se de cursos elaborados e
construídos para a aplicação do potencial natural do povo do recôncavo em fazer
cultura, dando a possibilidade de otimizar esse “conhecimento de berço” em
âmbitos artísticos e profissionais. O CECULT não se propõe em ensinar a fazer
cultura, pois isso o nosso povo já sabe fazer de melhor, mas tornar técnico
esse saber e fazê-lo aplicar de forma tão significativa a ponto de aliar
talento e profissionalismo em um único aspecto.
Em uma breve visita ao projeto,
citemos aqui dois cursos: Produção Cultural e o curso de Música. Seriam esses “menos
intitulados” ou de “nobreza inferior” aos cursos estereotipados e pré-definidos
por uma sociedade construída por status econômicos ou ascensão de poder? E Qual
seria a justificativa para isso? Alguma Universidade Federal do Nordeste possui
o curso de produção cultural? A resposta é dada por um fato notório: os grandes
espetáculos e shows, a exemplo do Festival de Verão, possui grande quantidade
de profissionais “Importados” de outras regiões pela falta dos mesmos no
mercado regional com qualificação necessária.
Uma
cidade ao abrigar um campus universitário atrai indicadores naturais de
desenvolvimento. Aliado a isso, a preocupação institucional com a elaboração do
projeto indica um fomento à formação de um ciclo, que de forma geral irá
proporcionar o desenvolvimento de todo o recôncavo, pois movimenta pessoas,
mercadorias, capital e conhecimento.
Além
do CECULT, a implantação do curso de Publicidade e Propaganda (ainda em 2012) e
o projeto de implantação de um Centro de estudos de impactos da mineração em
Santo Amaro, mostra que a cidade está inserida num contexto estratégico que
tenderá num futuro próximo a alavancar o incremento de investimentos, produção
de dados e estudos, além de naturalmente atrair a atenção de todo o país.
Se para ser do recôncavo a UFRB
tem que estar em Santo Amaro, esse é o momento de união em favor de uma causa
coletiva, e não de abstenções. A UFRB não é uma implantação de uma gestão, não
é uma bandeira partidária, nem é fruto apenas do trabalho de uma comissão; ela
é do recôncavo, para o recôncavo e feita pelo povo do recôncavo. Obviamente,
como em alguns momentos importantes na história, há a necessidade de que haja
protagonistas e líderes no processo; e se isso existe, nessa causa, sem sombra
de dúvidas é o POVO DE SANTO AMARO.