O
governador Jaques Wagner afirmou à TV Bahia, afiliada da Globo no estado, que
mantém diálogo "sempre aberto" com a categoria dos professores da
rede estadual de ensino, que está em greve há 24 dias em todo o estado. Eles
querem um reajuste de 22,22% sobre o piso atual da categoria.
Jaques Wagner citou como benefícios o acordo
que fez com os professores em novembro do ano passado e o projeto de lei
enviado pelo Executivo e aprovado pela maioria dos deputados estaduais.
"Nós agora, na lei que mandamos, antecipamos os 4% de ganho real e os 3%.
Mandamos mais um aumento de 4,66%, além dos 6,5%, para a primeira faixa de
licenciatura", comenta.
Para o governador, a aprovação da lei e a
declaração de ilegalidade do movimento feita pela Justiça justificam a retomada
imediata das atividades nas escolas públicas da Bahia. Ele apela para o retorno
dos servidores ao serviço, indicando que o atual orçamento não sustenta o
reajuste pedido.
"O que eu peço aos professores e à sua
representação, que suspenderam e foram para a greve, eles sabedores que o
orçamento do estado está extremamente apertado. Eu não tenho espaço fiscal
para, este ano, ir além do que aquilo que já está consagrado na lei. Vamos
voltar às aulas para não criar um prejuízo muito maior para a parte mais
humilde da população que depende da escola pública e óbvio que o diálogo está
aberto", argumenta. Cerca de um milhão de crianças e adolescentes estão
sem aulas.
Na
quinta-feira (3), os professores se reuniram na Praça da Piedade, em Salvador,
e realizaram a "Feira da Sobrevivência", com 15 barracas que vendiam
frutas, legumes e verduras doados por feirantes de São Joaquim. Em assembleia
realizada na quarta-feira (2), os professores decidiram manter o movimento
grevista.
Um novo encontro da categoria está previsto
para segunda-feira (7). Antes, no domingo (6), os professores distribuirão uma
carta à comunidade nas proximidades do estádio de Pituaçu.
Reivindicações:
Os professores querem reajuste de 22,22% no
piso nacional. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria que
garantia os valores do piso nacional, ocorrido em novembro do ano passado, e
depois ignorou, mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores
menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo
executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível
médio.
A greve já foi considerada ilegal pela Justiça
e o governo já disse que vai cortar o ponto dos grevistas, caso eles não voltem
ao serviço. O departamento jurídico do sindicato da categoria (APLB) deu
entrada em uma ação com pedido de liminar à Justiça na tentativa de derrubar a
ordem que impõe multa diária de R$ 50 mil até encerramento da greve. Segundo o
presidente do sindicato da categoria, Rui Oliveira, se houver corte dos
salários, os professores não vão repor as aulas perdidas durante a paralisação.
O Ministério Público fez uma reunião no dia 24 de abril e se colocou à
disposição para mediar o impasse entre a categoria e o governo.
Para
o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, o orçamento do estado não
permite que seja cumprido o aumento exigido. "O estado não suporta no
orçamento reajuste de 22,22%. O orçamento do estado também é para fazer
escolas, fazer postos de saúde, poços artesianos, recuperar estradas. Não pode
ser apenas para os servidores", afirma. Já o deputado Paulo Azi (DEM-BA)
avalia que a postura de negar o reajuste pode ocasionar a radicalização do
movimento.
Disponível
em: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2012/05/jaques-wagner-pede-retorno-de-professores-salas-de-aula-da-bahia.html