sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A GREVE MAIS LONGA DA HISTÓRIA DOS DOCENTES FEDERAIS SE ENCERROU ONTEM NA UFRB




Saída da greve, sim, mas não da luta. Essa foi a decisão tomada pelos docentes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) em assembleia dessa quinta-feira (13). Os professores decidiram voltar às atividades acadêmicas na próxima segunda-feira (17), com indicativo de retorno às aulas no dia 24 de setembro, já que essa é uma etapa que necessita da discussão prévia do calendário. Os docentes apresentarão uma proposta de calendário ao Conselho Acadêmico (CONAC) e à reitoria.
Além da saída da greve, os docentes, em unanimidade, apontaram que o PROIFES não os representa porque à revelia da base e dos demais sindicatos, foi o único a assinar o acordo proposto pelo governo no dia 01 de agosto.  Acordo este que, entre outros pontos, não leva em consideração questões como a carreira e a melhoria das condições do trabalho docente.
O presidente da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR), Herbert Toledo, confirmou ser esse o momento oportuno para a saída da greve, no entanto enfatizou que isso não significa fim da luta docente: “Precisamos continuar avançando aqui dentro da UFRB, no sentido de mobilizar os professores e continuar lutando pelas melhorias nas condições de trabalho. Nós vamos continuar lutando, pressionando o governo, mostrando as contradições em relação ao discurso e a prática que ele tem no que se refere à educação”, afirmou o presidente.
Para Herbert, a greve foi extremamente positiva não só no âmbito nacional, pois consegui alcançar mais de 90% das universidades e institutos federais, mas especialmente para UFRB: “Por intermédio de todas as manifestações e mobilizações que nós fizemos, consolidamos a coisa mais importante para essa universidade, que até então não tínhamos, que é o sentimento de pertencimento, nós criamos, a partir desse movimento, o orgulho de sermos professores da UFRB”, enfatizou o professor.
O professor do Centro de Formação de Professores (CFP), Luiz Paulo Oliveira, também salientou a unidade entre os docentes como sendo um dos grandes ganhos da greve: “Os docentes se reconheceram como professores e como trabalhadores para além de serem professores de determinado Centro. Nós começamos, de fato, a construir uma identidade e, de certa forma, reconhecermos que a nossa luta está para além da greve, ela é, na verdade, um dos instrumentos de luta das nossas reivindicações”, pontuou Luiz Paulo.
Luiz Paulo ainda colocou que a greve, a mais longa de toda a história do movimento docente, conseguiu mostrar a capacidade de luta dos professores das universidades federais, bem como a fragilidade do governo federal: “Esse movimento mostrou a capacidade docente de se organizar nas bases para pautar politicamente as suas reivindicações e, ao mesmo tempo, apresenta uma conjuntura na qual o governo se mostra sem habilidades políticas para dar conta das discussões”, disse o professor.
Ambos os professores chamaram a atenção para o fato de a greve ter conseguido dar visibilidade às péssimas condições de trabalho, principalmente nas universidades recém criadas, como é o caso da UFRB. Para Luiz Paulo, a mobilização mostrou que ainda há muitas demandas nesse processo de expansão das universidades federias: “Mesmo em face à precarização do trabalho, às péssimas condições de trabalho e os desafios que nós temos, e os que estão postos nesse processo de expansão das universidades, a greve mostrou que é possível os trabalhadores e os professores darem resposta coletiva a esse processo”, ressaltou o docente.

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