quarta-feira, 9 de maio de 2012

Greve pode reduzir chances de alunos da rede pública no vestibular


Estudantes da rede estadual de ensino que estão matriculados na terceira série do ensino médio podem ser prejudicados nos processos seletivos para ingresso nas universidades, em 2013, por conta da greve dos professores, que entra, nesta quarta, 09, no 29º dia. Segundo dados de 2011, os estudantes da rede estadual eram maioria no número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio – Enem (80% dos 441 mil inscritos) e no vestibular da Universidade do Estado da Bahia – Uneb (64% dos 52 mil inscritos).

Para as avaliações de 2013, no entanto,  este número pode diminuir. É o que acredita o especialista em educação e professor da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) Basilon Carvalho. Para ele, as interrupções por conta de greves, que aconteceram nos últimos meses, podem causar sérios danos ao aprendizado dos pré-vestibulandos. “A capacidade cognitiva de cada aluno é baseada em tempo. O pré-vestibulando acarreta uma tensão psicológica muito forte. Uma vez sem aula, sofrerão danos quando forem prestar vestibulares e Enem, ao final do ano”, explicou.

Nesta terça, o secretário de Educação do Estado, Osvaldo Barreto, anunciou, em Brasília, que a secretaria estuda a possibilidade de contratar emergencialmente professores temporários para atender os alunos matriculados na terceira série do ensino médio de forma a reduzir os prejuízos ocasionados pela greve.

Desvantagem - Já Basilon Carvalho salienta que o aluno da escola pública já é penalizado com um ensino menos conceituado e a falta de estrutura. “O estudante da rede pública já está em desvantagem, na maioria das vezes, ao concorrer com estudantes das escolas  particulares. Agora, a desvantagem aumenta”.

Para o especialista, além do baixo índice de aprovação em universidades públicas, a falta de aulas pode causar, dentre outros problemas, a diminuição da autoestima do estudante e, em alguns casos, até evasão escolar. “O aluno pode se sentir menos capacitado que os outros colegas”.

Tédio - Jonatas da Silva Prazeres, 18, é um dos alunos da rede pública que se inscreverão no vestibular no final do ano. Sem aulas desde o dia 11 de abril, ele cursa o terceiro ano do ensino médio no Colégio Estadual Luiz Viana, localizado em Brotas, e pretende se inscrever no curso de engenharia da Ufba e da Uneb.

O jovem conta que teve a rotina modificada por conta da greve. Tinha 60% do seu dia ocupado pelos estudos – dentre aulas, estudos em grupo e tarefas de casa –, hoje, tem as atividades diárias resumidas a programas de televisão, filmes e internet. “Agora,  durmo às 3 horas, acordo às 12 horas e passo o dia sem fazer nada”, contou.

O garoto afirmou que, nos dias iniciais da greve, ainda reviu o conteúdo passado pelos professores e estudou assuntos importantes. Passados quase 30 dias de greve, ele diz que não se sente mais estimulado a estudar sozinho.


Disponível em: http://atarde.uol.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5835143&t=Greve+reduz+chances+de+alunos+da+rede+publica+no+vestibular

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