Imagem da Padroeira da Cidade, Nossa Senhora da Purificação: Patrimônio e Símbolo de devoção dos Santoamarenses |
Conhecida como a maior prova de
devoção de Fé católica no Recôncavo da Bahia e famosa nacionalmente por sua
grandeza, a festa religiosa de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro , sofrerá
alterações significativas em seu ponto máximo esse ano: a sua majestosa
Procissão.
Famosa e admirada por seu imponente
cortejo, que reúne sociedade civil, organizações religiosas, filarmônicas e
grande número de imagens, a Procissão que ocorre no dia 02 de fevereiro sofrerá
alteração em sua composição. É que a partir desse ano, o número de imagens será
restrito, a pedido do Monsenhor Walter Jorge Pinto Andrade, Pároco da Purificação,
contribuindo assim para a perda da identidade maior da procissão que é
exatamente o desfile de grande quantidade de imagens seculares, patrimônios
artísticos e símbolos de fé de um povo.
Segundo o Pároco, os fiéis não se
comprometem a carregar as imagens durante o cortejo, principalmente as mais
pesadas. Por essa razão, a partir de 2013, o fiel que desejar que sua imagem de
devoção saia na Procissão do dia 02 precisará informar o nome de 08 pessoas na
secretaria da igreja e ser responsável pela ornamentação do andor, assinando inclusive um termo de compromisso.
“É ridículo para o Padre Zé
Carlos ficar chamando pessoas para carregar os andores”, afirma o pároco. O
mesmo ainda comenta que, se dependesse de vontade particular, apenas as imagens do Padroeiro
Sr. Santo Amaro, do Sr. Do Bonfim e de São Francisco de Assis sairiam no
cortejo, além da imagem da Santa Padroeira.
Dessa forma, duas coisas são
postas em questão. A
primeira, diz respeito à questão da tradição secular. A procissão de Nossa
Senhora da Purificação é conhecida por sua beleza, contemplada pelo grande
número de imagens que sai no cortejo. Nos seus “400 anos de Luz” algumas
procissões chegaram a contar com mais de 60 andores, segundo registros
históricos. Atualmente há uma média entre 20 e 30 andores que saem na
procissão, que pertencem às Igrejas locais e da Região, ao Museu Recolhimento
dos Humildes e aos fiéis devotos. Entretanto, esse número será reduzido
drasticamente em 2013, manchando assim a beleza do cortejo e acabando com antiquíssima tradição popular.
A segunda questão diz respeito à
própria mobilização popular para manutenção da tradição. Uma vez que os fiéis
não carregam as imagens e não se responsabilizam pelas mesmas durante o
cortejo, fica difícil para a Igreja assumir essa responsabilidade sozinha, de fato. Entretanto, há pontos a serem levados em consideração:
Porque partir de imediato para o radicalismo? Será que a Igreja, na figura do
Monsenhor Walter, tenta compreender o motivo desse fenômeno? Será que há
necessidade de romper com uma tradição de forma abrupta ao invés de, por exemplo, substituir
imagens de peso absurdo por outras mais leves e menores?
A Igreja tem pregado desde
Outubro de 2012 a
realização do Ano da Fé. Ora, em pleno século XXI, num tempo que a Igreja
Católica vem perdendo devotos em número significativo, será mesmo que a
solução é acabar com uma tradição tão forte e característica da simbologia
religiosa do povo do recôncavo? É assim que se faz o Ano da Fé? Romper uma tradição secular vai fazer os fiéis se aproximarem de Deus a habitar a Igreja Católica? Perguntar não
ofende.
Reflexões a parte, o fato é: 02
de fevereiro, em Santo
Amaro , não será mais como antes. E que Nossa Senhora nos
proteja e perdoe os pecadores.
Imagem do Padroeiro do Município, Sr. Santo Amaro |
Imagem do Sr. do Bonfim: juntamente com as imagens dos padroeiros da cidade, deve ser uma das únicas a figurar na procissão do dia 02 de fevereiro. |